Sou só o cara deitado na calçada tomando chuva, pra sempre...
Noite de carnaval.
Concentração do Cacique de Ramos.
No meio de um mar de índios;
dois destaques: Papai Noel e Betty, a dos Flintstones.
O rapaz Papai Noel se aproximou cuidadoso
e logo puxou assunto.
Ela, pouco amistosa, continuou andando,
imitando uma daquelas figuras de madeira
esculpidas na proa dos navios antigos.
Depois de alguma insistência,
suado que nem fundista em final de prova,
uma vitória que lhe enche de esperança: Papai Noel consegue,
enfim, arrancar seu nome:
- Mariana.
Totalmente apaixonado e paralisado de medo,
ele assiste, com olhos mareados,
a moça se afastar.
Num arroubo, grita,
em ponta de pé.
com a voz trêmula do coração partido:
- Mariana!
Nada. Nem um arrumar de cabelos.
- Mariaaaana!
Insistiu. As pessoas em volta olharam.
- MARIAAAAAAAAAAAAANA!
Soltou a voz com toda força que ainda lhe restava.
Provocando revoada dos pombos que assistiam ao desfile.
E Mariana, copo de bebida na mão

cercada pelos índios, rodeada de xavantes felizes,
seguia em frente.
Soberba,
indiferente,
decidida.
Com as mãos na cabeça e
a barba branca; postiça,
pendendo de um lado das orelhas.
Papai Noel era uma figura de dar dó.
Mas com o pouco de orgulho que lhe restava,
largou o derradeiro brado eterno de angústia:
- VAGABUNDA!

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