Sou só o cara deitado na calçada tomando chuva, pra sempre...

.:: Rock Me Mama II ::.


Ela ajeitou-se no sofá quando a canção começou - coçou a canela com o indicador direito.
Isso é engraçado!
Eu gosto - disse olhando pro ombro dela, que se mexia enquanto ela coçava a canela.
O que ele canta?
Não sei.
Parece um blues.
Tenho essa impressão também - passei o braço em volta dela, senti a costura da camiseta roçar no meu punho.
Parece uma daquelas músicas meio as nuvens foram embora e o sol apareceu.
Canção, é uma canção. Música é outra coisa.
Cê é chato - me empurrou com o indicador direito.
Se bem que parece uma música de superação ou algo assim, é verdade.
É, isso que tô dizendo, um blues. Gostei do refrão.
Canta.
Não consigo.
Me acompanha.
Cê não sabe cantar também.
Claro que sei: ta ki shi me taráá
Isso nem é japonês.
Tu tem pouca fé em mim, guria.
Cê só quer saber de me doutrinar.
Eu tô te ensinando a canção.
Olha, ele canta sayonara numa parte ali - levantou-se e esticou o corpo.
Essa parte final é bem legal.
Vou tocar!
Ela deu um pulinho fingindo ter um trompete nas mãos. O cabelo curto estava torto de um modo elegante e na sua imitação de músico eu só conseguia me lembrar daquele filme ruim do Val Kilmer, que tem uma cena dele tocando trompete durante um incêndio.
Só tu pra achar um blues numa canção de ska - me levantei e fingi ter um sax nas mãos.
tarátátáraráááááá


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